7 de setembro de 2014

MUNDO ANIMAL: Coruja-buraqueira


Coruja-buraqueira

Coruja-buraqueira fêmea

A coruja-buraqueira é uma ave strigiforme da família Strigidae. Com o nome científico cunicularia (“pequeno mineiro”) recebe esse nome, pois vive em buracos cavados no solo. Vivem no mínimo 9 anos em habitat selvagem. Costumam viver em campos, pastos, restingas, desertos, planícies, praias e aeroportos. Também são conhecidas pelos nomes de caburé, caburé-de-cupim, caburé-do-campo, coruja-barata, coruja-do-campo, coruja-mineira, corujinha-buraqueira, corujinha-do-buraco, corujinha-do-campo, guedé, urucuera, urucuréia, urucuriá, coruja-cupinzeira (algumas cidades de Goiás) e capotinha.


Seu nome significa: do (grego) Athene = divindade grega Atena; e do (latim) cunicularius, cuniculus = mina, mineiro, túnel, passagem subterrânea. ⇒ coruja mineira ou coruja que cava túneis.

Características

Ave de pequeno porte, seu tamanho médio é de 23 centímetros. Possui a cabeça redonda, sem penachos e os olhos estão dispostos lado a lado, num mesmo plano. As sobrancelhas são brancas e os olhos amarelos. A coloração é cor-de-terra, mimética, podendo apresentar plumagem em tons de ferrugem causada por solos de terra roxa (coloração adventícia). Ao contrário da maioria das corujas o macho é ligeiramente maior que a fêmea e as fêmeas são normalmente mais escuras que os machos. Tem voo suave e silencioso. Ela tem que virar a pescoço, pois seus grandes olhos estão dispostos lado a lado num mesmo plano. Essa disposição frontal proporciona à coruja uma visão binocular (enxerga um objeto com ambos os olhos e ao mesmo tempo). Isso significa que a coruja pode ver objetos em três dimensões, ou seja, com altura, largura e profundidade. Os olhos da coruja-buraqueira são bem grandes, em algumas subespécies de corujas são até maiores que o próprio cérebro, a fim de melhorar sua eficiência em condições de baixa luminosidade, captando e processando melhor a luz disponível. Além de sua privilegiada visão, a buraqueira possui uma ótima audição, conseguindo localizar sua presa com apenas este sentido. Não possuem topetes na orelha, têm um disco facial aplainado. Sua sobrancelha é branca, possui um remendo branco no queixo, que se assemelha a uma boca grande desenhada. As corujas adultas possuem um tom de cor forte, têm o peito e a barriga com coloração parda, traços cor de terra, variações de marrom, que lembram manchas e barras. As corujas jovens são similares na aparência, mas são gorduchinhas, desengonçadas, com as penas descabeladas e coloração leve. Seu peito é totalmente branco, sem as variações marrons, possuem uma barra amarela passando por toda asa superior. Os machos e as fêmeas são similares no tamanho e na aparência, entretanto os machos adultos são ligeiramente maiores e as fêmeas, normalmente, mais escuras que o macho. O maior inimigo da coruja buraqueira é o homem, visto que, por ser uma ave de rapina, essa espécie quase não tem predadores naturais. Entretanto, o danoso trânsito de carros sobre a vegetação da praia é o principal fator da destruição da coruja buraqueira, juntamente com outras espécies da fauna da praia que compõem a cadeia alimentar, pois, ao passarem sobre a boca dos ninhos, esses veículos soterram o túnel, matando mãe e filhotes asfixiados debaixo da camada de areia em que se encontram.



coruja-buraqueira macho



coruja-buraqueira jovem


Indivíduos com plumagem albina

O que é albinismo?
O Albinismo se caracteriza pela perda total dos pigmentos, tanto da melanina quanto dos carotenóides, podendo ocorrer em todo o corpo ou em partes dele. Diferentemente do leucismo, onde apenas as penas perdem a coloração, o indivíduo albino apresenta-se com coloração branca, bico e patas mais claros e os olhos, por não possuírem coloração, apresentam a cor vermelha dos vasos sanguíneos. Um indivíduo albino possui baixa resistência, principalmente ao sol, apresentando visão mais fraca e, às vezes, fotofobia.
coruja-buraqueira (Athene cunicularia)











Indivíduos com plumagem flavística


O que é flavismo?

Flavismo é a ausência parcial da melanina (nesse caso ainda pode ser observado um pouco da cor original da ave), porém presença de pigmentos carotenóides. A ave flavística ou canela se apresenta com a coloração diluída, devido à perda parcial de melanina, tanto da eumelanina (pigmento negro) quanto da feomelanina (pigmento castanho).




coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

coruja-buraqueira (Athene cunicularia)


Subespécies


Athene cunicularia cunicularia: Sul da Bolivia, sul do Brazil, Paraguay até Tierra del Fuego; 

Athene cunicularia hypugaea: Sul do Canada até El Salvador; 

Athene cunicularia rostrata: Isla Clarión (Revillagigedo Islands Mexico); 

Athene cunicularia floridana: Florida, Bahamas, Cuba, Isle of Pines; 

Athene cunicularia guantanamensis: Cuba (Guantánamo Province); 

Athene cunicularia troglodytes: Hispaniola, Gonâve e Beata islands; 

Athene cunicularia amaura: Nevis e Antigua (West Indies). Extinct; 

Athene cunicularia guadeloupensis: Guadeloupe (West Indies). Extinct; 

Athene cunicularia arubensis: Aruba (Netherlands Antilles); 

Athene cunicularia brachyptera: Isla Margarita ( norte da Venezuela); 

Athene cunicularia apurensis: Norte e área central da Venezuela; 

Athene cunicularia minor: Sul da Guyana e extremo norte do Brasil (Roraima); 

Athene cunicularia carrikeri: Lesten da Colombia; 

Athene cunicularia tolimae: Oeste da Colombia (Tolima); 

Athene cunicularia pichinchae: Oeste do Ecuador; 

Athene cunicularia punensis: Sudoeste do Equador e noroeste do Peru; 

Athene cunicularia intermedia: Costa oeste do Peru (Paita to Pacasmayo); 

Athene cunicularia nanodes: Costa oeste sul do Peru (Trujillo e Arequipa); 

Athene cunicularia juninensis: Andes central Peru (Junín), oeste da Bolivia e noroeste da Argentina; 

Athene cunicularia boliviana: Bolivia; 

Athene cunicularia grallaria: Leste do Brasil (Maranhão até Mato Grosso e Paraná); 

Athene cunicularia partridgei: Norte da Argentina (Corrientes Province).


Alimentação


É uma predadora de pequeno porte com hábito carnívoro-insetívoro, sendo considerada generalista por consumir as presas mais abundantes de acordo com a estação, tendo preferência por roedores. As ordens de insetos consumidas são: coleópteros (besouros), ortóptera (grilos e gafanhotos), díptera, himenóptera. Entre os vertebrados consumidos, são representados pelos: roedentia, marsupialia, amphibia, répteis squamata, microquiroptero (morcegos verdadeiros).



Coruja-buraqueira se alimentando
Reprodução


A reprodução da coruja-buraqueira começa entre março ou abril. Faz seus ninhos em cupinzeiros, buracos de tatu e buracos na areia em regiões litorâneas, costumando cavar túneis de até 2 metros e forrar o fundo com capim seco. O casal se reveza, alarga o buraco, cava uma galeria horizontal usando os pés e o bico e por fim forra a cavidade do ninho com capim seco. As covas possuem, em torno de 1,5 a 3 metros de profundidade e 30 a 90 centímetros de largura. Ao redor acumula estrume e se alimenta dos insetos atraídos pelo cheiro. Botam, em média de 6 a 11 ovos; o número mais comum é de 7 a 9 ovos. A incubação dura de 28 a 30 dias e é executada somente pela fêmea. Enquanto a fêmea bota os ovos, o macho providencia a alimentação e a proteção para os futuros filhotes. Os cuidados da cria, enquanto ainda estão no ninho são tarefa do macho. Os filhotes saem do ninho com aproximadamente 44 dias e começam a caçar insetos quando estão com 49 a 56 dias. Os filhotes, ao escutarem o alerta, entram no ninho, enquanto os adultos voam para pousos expostos e atacam decididamente qualquer fonte de perigo para os filhos. Podem defender o ninho, voando em direção a um predador potencial, inclusive pessoas, desviando no último momento, visualizada várias vezes vocalizando e espantando invasores como cachorros e gatos.

Casal de coruja-buraqueira
Ninho de coruja-buraqueira

Ovo de coruja-buraqueira




Filhote de coruja-
buraqueira



























Hábitos

Costuma viver em campos, cerrados, pastos, restingas, planícies, praias, aeroportos e terrenos baldios em cidades. Corujaterrícola, tem hábitos diurnos e noturnos, mas é ativa, principalmente durante o crepúsculo, quando faz uso de sua ótima audição. Tem o campo visual limitado, mas essa deficiência é superada pela capacidade de girar a cabeça até 270 graus, o que ajuda na focalização.

Ocupa ambientes alterados pela ação humana, inclusive cidades e pistas de pouso ou aeroportos. A coruja-buraqueira possui um comportamento peculiar, além dos próprios feitos pelas corujas, por ser vista durante o dia e ficar pousada, ereta, em locais expostos ou no solo, em postes, troncos, muros, em cima de cactos etc. Tem o hábito de ficar sobre uma perna, o que não é copiado por outras corujas. Utiliza um buraco não somente para assentamento, mas para descansar, esconder-se, como um refúgio durante o dia e construir ninhos, normalmente ocupados por um casal. É uma coruja tímida, mas é ligeiramente tolerante à presença humana. Cava seus próprios buracos com a ajuda dos pés e do bico, ficando até mesmo toda suja na construção da toca, mas ela prefere os buracos já feitos, abandonados por outros animais como os tatus, cachorros-da-pradaria, texugos ou esquilos de chão. Na chegada da primavera, a buraqueira macho escolhe ou escava um buraco, normalmente em regiões de capim baixo, onde prenda com facilidade insetos e pequenos roedores no solo. O casal se reveza, alargando o buraco, cavando uma galeria horizontal usando os pés e o bico e, por fim, forrando a cavidade do ninho com capim seco. As corujas foram observadas em colônias, havendo uma área pequena de buraco para buraco. Tais agrupamentos podem ser uma resposta a uma abundância de buracos e alimento ou uma adaptação para a defesa mútua. Os membros da colônia podem alertar-se à aproximação dos predadores e juntar-se e fugir. Essas corujas têm o costume de coletar uma larga variedade de materiais para revestir seu ninho. O material mais comum é o estrume, que é colocado dentro da câmara do ninho e em volta da entrada. Acreditava-se que a coruja fazia isso para encobrir o cheiro dos ovos e dos filhotes, a fim de protegê-los de predadores, como os texugos-americanos. No entanto, foi descoberta uma utilização mais nutritiva e criativa. As tocas com estrume contêm dez vezes mais besouro-do-estrume do que as das corujas que não usam estrume. Isso ocorre porque os besouros, cuja própria atividade nidificadora consiste em achar estrume para depositar seus ovos, acabam sendo atraídos pelas buraqueiras. Assim, o estrume proporciona alimento fácil para as fêmeas incubadoras e, é claro, também para os próprios machos, que passam a maior parte do tempo protegendo os buracos dos ninhos e por isso não têm oportunidade de caçar. Esse esterco também serve para ajuda a controlar o microclima dentro da cova, não o deixando quente demais. A qualquer sinal de perigo, a coruja buraqueira emitem um som alto, forte e estridente. Esse alarme é dado durante o dia, chamando a atenção para a coruja. Os filhotes, ao escutarem o alerta, entram no ninho, enquanto os adultos voam para pousos expostos e atacam decididamente qualquer fonte de perigo para os filhos. Eles também fazem outros sons que são descritos como pancadas e gritos, que é parecido com “piá, piar, piaaar”. Quando as buraqueiras emitem esses sons, normalmente estão movimentando a cabeça, para baixo e para cima. Os filhotes também emitem sons: quando perturbados, produzem um som que lembra o de uma cascavel, espantando assim os predadores.

Bando de coruja-buraqueira









Predadores
               filhote de murucututu (Pulsatrix perspicillata) se alimentando de coruja-buraqueira
caracarás (caracara plancus) predando filhote de coruja-buraqueira





















Distribuição Geográfica

Ocorre do Canadá à Terra do Fogo, bem como em quase todo o Brasil com exceção da bacia Amazônica. Já existem registros fotográficos comprovando a ocorrência da coruja buraqueira (Athene cunicularia) em todos os Estados brasileiros, incluindo a bacia Amazônica. Provavelmente vem se beneficiando do desmatamento ao longo das rodovias, como as BR 319 e BR 174 para expandir sua área de distribuição na Amazônia. Hoje, já é uma ave relativamente comum nas áreas ao redor de Manaus. Exceção de registro fotográfico até o momento, é tão somente para o Amapá.



  Ocorrências registradas no WikiAves


Referências

Guia Ilustrado de Animais do Cerrado de Minas Gerais. 2.° edição. CEMIG. Editare Editora, 2003.

Guia de Campo - Aves do Brasil Central - Tomas Sigrist - Avis Brasilis, 2007.

Aves de Rapina do Brasil - disponível em http://www.avesderapinabrasil.com/athene_cunicularia.htm Acesso em 16 jun. 2009.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Coruja-buraqueira

http://avibase.bsc-eoc.org/species.jsp?lang=EN&avibaseid=B9EE9676FFEC8B11 - Acesso em 25/01/2014.




3 comentários:

  1. Oiiiiiiiiiiiiiiiiii
    Não tenho certeza mas acho que já vi dessas corujas na praia.
    Sempre tinham várias dela em Rio das ostras, não sei se eram da mesma espécie!
    Amo corujas, a albina é linda demais!

    Beijinhos
    Sou eu... Pri!

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  2. UAU, que postagem completa.
    Coruja é um bicho tão lindo! :D

    beijos

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  3. Oi, tudo bem?
    Gostei da coluna, assim ficamos sabemos sobre animais, eu pensei que ela morasse em árvores, não em um buraco. Ainda não vi uma coruja aqui onde moro, mas já vi quando viajei ao exterior, ao Canadá, era linda. Beijos!

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